Em entrevista exclusiva ao ESPORTE CLUBE, o gestor de futebol do Bahia, Paulo Angioni defendeu as contratações de veteranos, apesar de admitir sua grande parcela de responsabilidade pela atual fase do clube.

Ele afirmou sofrer com sua primeira "experiência desagradável" na carreira e ainda falou sobre novos reforços, hipótese de um possível racha no elenco tricolor e, por fim, revelou que permitiu ao atacante Souza beber cerveja após a derrota para o Náutico, num restaurante do aeroporto de Recife.

Todos buscam uma explicação para o Bahia estar nesta situação. Qual a sua?
O futebol às vezes lhe causa surpresas. Para este temporada, fizemos tudo dentro de uma ordenação lógica. Procuramos partir da premissa de manter a base do ano passado. Jogadores que suportaram bem uma pressão e tiveram uma boa performance, nós renovamos os contratos. No Campeonato Baiano nos saímos bem, mas vimos no Brasileiro a obrigação de contratar alguns jogadores pontuais.

Contesta-se os critérios para as contratações do Bahia. Ou são apostas, ou jogadores em decadência. É isso?
Isso não é culpa dos profissionais de futebol, não. É responsabilidade da própria formatação de conceito dentro do futebol. No Brasil, existe um hiato muito grande entre jogadores jovens e jogadores com mais de 30 anos. É difícil encontrar atletas de referência com 24 a 28 anos. As grandes referências estão na faixa de 30 para cima.

Você se decepcionou com Mancini, Zé Roberto e Kléberson?
Não, muito pelo contrário. Principalmente o Mancini, que foi a contratação mais recente. Foi uma indicação do Falcão para nós. Mancini é um jogador que está recuperando a sua forma de jogar e eu acredito que esse jogador pode vir a dar resultados satisfatórios. E o Mancini tem só 31 anos.

O Vitória não fez contratações que poderiam ter servido ao Bahia? Pedro Ken já esteve perto do Fazendão. Elton vinha sendo pouco utilizado no Corinthians, que tem boa relação com o Bahia... O que houve?
Fala-se isso porque o Vitória está ganhando e o Bahia, perdendo. O Pedro Ken não era o jogador que o Bahia queria. Queria num primeiro momento, a coisa avançou e depois não evoluiu. Quando veio a evoluir depois, o Bahia já tinha preenchido a lacuna. E o Élton já havia feito as sete partidas na Série A.

Também se contesta o fato de o Bahia ter renovado com atletas contestados, como Jones.
Às vezes você tem algum jogador que o espectador não gosta. Mas sou obrigado a me curvar ao ponto de vista do treinador. Todos os treinadores gostam do Jones. É impressionante. Hoje, vivo uma situação incomoda com ele. Por duas situações, os empresários deste jogador queriam levá-lo para a Portuguesa. E, na oportunidade, o treinador que estava aqui, não quis liberar. Hoje, ele não pode jogar em nenhum clube da Série A. Tem clubes da Série B que querem, mas os empresários agora negam.

Qual sua fatia de responsabilidade na atual fase do clube?
É grande. Estou vivendo minha primeira experiência ruim logo aqui no Bahia. Tem sido muito doloroso para mim, eu tenho sofrido muito. Mas vamos sair disso

O Bahia procura reforços?
Hoje, temos a necessidade de um lateral esquerdo. Um tempo atrás, por indicação, trouxe o Gerley, que eu não o conhecia e acabou não tendo sucesso. Mas tinha o Ávine, que era o principal jogador da posição. Além disso, tínhamos o aval dos treinadores sobre o Hélder na lateral esquerda. O Falcão me disse: "Não precisa contratar lateral, Paulo. Hélder suporta".

Quem poderia vir?
Estou tentando o Triguinho ainda. Hoje (quarta-feira, 22), desde cedo, falo com o Cuca para ver se tem ou não condições de liberar o jogador.

Hoje, fala-se que há um racha no elenco. É verdade?
Nunca trabalhei num ambiente tão tranquilo. Em Recife, acabou o jantar e o grupo todo continuou reunido no saguão do hotel, batendo papo. Um tempo atrás, tinha grupo que trabalhei que o cara acabava o jantar, levantava e ia embora para o quarto. Não acompanho a vida dos jogadores fora do clube. Dentro, não vejo problema.

Souza bebeu no aeroporto, após o jogo com o Náutico?
Ele tomou dois chops, autorizado por mim. Ele me solicitou e eu permiti. Não vou dizer que é uma rotina. Especialmente naquele dia, ele me pediu e eu liberei.

Parte da torcida tricolor pede sua saída. O que acha disso?
Não fico feliz. Sou um ser humano, dou carinho e gosto de carinho. Um dia eu saio. Não ficarei aqui eternamente. Mas acho que não é o momento para minha saída. Quem sabe quando o Bahia estiver numa situação tranquila eu possa entender esse clamor e sair de uma forma mais feliz comigo mesmo.

Qual a relação do Bahia da empresa Calcio? Por que ela passou a ter 20% dos direitos de Gabriel e Madson quando eles renovaram contrato?
Não quero falar sobre isso.


Fonte: Jornal A Tarde

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